
Peça Capitães da Areia
assistido em 2012 no teatro Tupec de Mogi Guaçu
Peça Capitães da Areia
Baseado na obra de Jorge Amado
QUANDO CHEGUEI PARA assistir a peça pensei que seria muito boa, mais tarde tive certeza.
Os atores eram profissionais, não tenho dúvidas, e sabiam o que estavam fazendo. Confesso que não li o livro, mas pelo que ouvi sobre ele, a peça seguiu perfeitamente a história. E tenho de confessar também que me interessou a leitura da obra.
A peça deu-se início quando uma repórter começou a contar sobre uma gangue de meninos que eram chamados de Capitães da Areia. Depois de falar ela retirou-se e entraram os tais. Fazendo algazarras e brincando com o público, eles passaram por nós (a plateia) e zombaram de um moço da frente e este, depois descobrimos, era outro personagem. Ele se levantou bravo e bateu num dos Capitães da Areia e os outros voltaram no auxilio do menino.
O cenário era pobre, apenas três caixotes que, conforme estavam dispostos no palco, indicavam um cenário diferente, e duas escadas feitas de cordas que desciam do teto que não sei ao certo o que significava
Personagens
OS PERSONAGENS ERAM bem caracterizados, os atores conseguiram colocar sentimento e reações exatas em cada um deles.
Pedro Bala foi um dos personagens que mais admirei, ele tinha sotaque baiano e agia como um verdadeiro capitão. Era corajoso e astuto, quando foi pegar o ogum que estava na delegacia ele deixou isso muito bem claro. Antes da aparição de Dora ele era severo e não parecia do tipo que arrumaria algum amor, nos enganou direitinho.
Sem-pernas era um menino brincalhão e zombeteiro, ele fazia gracinhas com os outros personagens e tornava a peça (um drama) uma comédia. Se eu tivesse de colocar numa lista os melhores personagens da peça Sem-pernas estaria em primeiro.
Havia outros Capitães da Areia, como o Volta Seca e o Pirulito, tinha também o Professor o qual sabia ler e desenhar muito bem. Havia também um garoto no começo, que jogava capoeira com Pedro Bala, mas não me lembro de terem dito o nome dele.
Tinha também Don' Anninha, que era a baiana dona do ogum que fora para a delegacia e João-de-Adão parente da baiana e também um pescador que ajuda muito Pedro Bala. O Padre José Pedro apareceu também, e não foi pouco, ele ajuda muito os Capitães da Areia no decorrer da história e ele que insisti que levem Dora para o Lazareto.
E enfim a Dora, a donzela do livro e da peça. Quando ela chega no trapiche os garotos tentam estuprá-la, mas Pirulito e o Professor impedem e os outros param com a tentativa quando Pedro Bala diz que quem quiser tocar nela teria de lutar com ele. Dora perdeu o pai e recentemente a mãe, não tinha pra onde ir e então se encontrou com Pirulito que a levou até o trapiche (armazém abandonado onde moravam os Capitães da Areia) e lá ela se tornou a primeira Capitã da Areia.
A Trama
O ÁPICE DA HISTÓRIA acontece quando Pedro Bala é preso pela polícia junto de Dora e ambos são levados para a prisão (não ficou muito claro isso, mas foi o que pude entender). Não passou muito dessa parte na peça, na verdade apareceu ele na prisão e depois os Capitães da Areia tiraram-no de lá. Logo depois foram para uma espécie de convento (também não ficou muito claro isso) e tiraram Dora de lá, mas ela estava doente.
Padre José Pedro insistiu para que Pedro Bala levasse Dora para o Lazareto, mas como ninguém voltava de lá os garotos decidiram que iriam cuidar dela no trapiche. Dora e Pedro Bala em dado momento se beijam e o garoto a carrega nos braços enquanto as luzes se apagavam. Dora morre logo depois, olhando para as estrelas deitada no colo de Pedro Bala. Sem-pernas, que até então só fazia gracinhas, agiu sério uma vez desde que a peça teve início. Todos sofreram a morte de Dora já que consideravam-na uma mãe.
No fim, numa conversa entre Pedro Bala e o Padre José Pedro, o garoto que já se tornara um homem contou o que aconteceu com os capitães da Areia. Dissera: "Sem-pernas se matou antes de ser preso pela polícia e Volta Seca virou cangaceiro junto de Lampião e seus homens..." E enfim a peça termina com Pedro Bala fazendo uma greve junto de outras pessoas, pronunciando os direitos em alto e bom som.